quinta-feira, 3 de janeiro de 2013


"Senhor, Ensina-nos a Orar"

"De uma feita, estava Jesus orando em certo lugar; quando terminou, um dos seus discípulos pediu; Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos" (Lucas 11:1).

A oração é importante. Todos os que querem seguir o Senhor sabem que a oração é parte essencial da vida do discípulo. Entretanto, poucos oram e muitas vezes, quando oramos, parece que lutamos para nos expressarmos a Deus. Embora possa parecer que a oração deveria vir a nossa boca como uma expressão confortável de nossa fé e confiança em Deus, ela freqüentemente parece difícil, talvez ineficaz.

Os primeiros seguidores de Jesus observaram seus hábitos de oração. Eles o viram freqüentemente procurando um lugar deserto para falar com seu Pai. Numa ocasião dessas, eles pediram sua ajuda. Também desejamos comunicar- nos com Deus como seu filho estava fazendo. "Senhor, ensina-nos a orar" (Lucas 11:1).

Jesus fez como eles pediram. Ele os ensinou como orar, tanto por suas palavras como por seu exemplo. Ele orava freqüentemente, fervorosamente e com grande fé naquele que estava ouvindo aquelas orações. Através do exemplo de sua vida, ele está ainda nos ensinando a orar.

Palavras de oração

A resposta imediata de Jesus ao pedido dos apóstolos é encontrada em Lucas 11:2-4

Então, ele os ensinou: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; o pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia; perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todo o que nos deve. E não nos deixes cair em tentação.

Nem esta oração, nem a semelhante encontrada em Mateus 6:9-13, são destinadas a repetição palavra por palavra. Jesus não estava ensinando palavras para serem memorizadas e recitadas; ele estava ensinando a orar. Ele deu um exemplo que mostra que tipo de coisas devemos incluir em nossas orações. Devemos:

1. Reverenciar e glorificar a Deus: "Pai, santificado seja o teu nome". Grandes orações de grandes homens e mulheres são sempre proferidas com grande respeito a Deus. Quando Moisés, Ana, Davi, Daniel, Neemias e outras importantes personagens da era do Velho Testamento oraram, começaram com declarações de genuína reverência a Deus, como criador e comandante do universo.

2. Buscar a vontade de Deus: "Venha o teu reino". A oração não é um instrumento para manipular Deus para que faça nossa vontade. Aqui, Jesus orou pelo reino de Deus, sabendo que esse reino só poderia vir com todo o seu poder através da avenida de sua própria morte. Aqui, como na oração agonizante no Getsêmani, Jesus colocou a vontade do Pai acima de seus próprios interesses: "Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres" (Mateus 26:39). Quando vemos a oração como nada mais do que uma oportunidade de fazer pedidos a Deus, colocamos a vontade do servo indevidamente acima da vontade do Senhor. Deveremos sempre procurar fazer a vontade de Deus.

3. Reconhecer nossa dependência de Deus para as necessidades físicas: "O pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia". Esta não é uma exigência de abundância e riqueza. Jesus nem praticou, nem ensinou a noção materialista de que o discípulo pode "dizer e exigir" o que quer na oração. Diferentemente das orações de certas pessoas hoje em dia, que se aproximam de Deus como pirralhos mal criados exigindo tudo o que querem, Jesus mostrou aqui uma dependência de Deus para as necessidades básicas da existência diária. Precisamos de Deus todos os dias.

4. Reconhecer nossa dependência de Deus para as bênçãos espirituais: "Perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve. E não nos deixeis cair em tentação". Encontramos algumas lições valiosas no versículo 4. Primeiro, precisamos do perdão. As palavras de João 8:7 e Romanos 3:23 nos recordam nossa culpa. Pecamos. Necessitamos do perdão. Só Deus tem o direito e o poder para perdoar (Marcos 2:7). Segundo, precisamos perdoar. Nossa comunhão com Deus é condicionada a várias coisas, incluindo-se como tratamos as outras pessoas. Quem se recusa a perdoar outro ser humano simplesmente não será perdoado por Deus (Mateus 6:14-15; 18:15-35). Terceiro, precisamos do auxílio de Deus para que não pequemos. Deus não é apenas um guarda-livros registrando os pecados cometidos e apagando-os depois. Ele tem poder para nos auxiliar a derrotar o inimigo. Paulo garantiu que há um jeito de escapar de cada tentação (1 Coríntios 10:13). Jesus "é poderoso para socorrer os que são tentados" (Hebreus 2:18). Ele nos deixou um exemplo perfeito de obediência para encorajar nossa fidelidade (1 Pedro 2:21-24). Na hora de sua mais difícil tentação, Jesus voltou-se para seu Pai em oração fervorosa. Depois daquelas orações ele saiu do Getsêmani preparado para suportar o poder das trevas, e sofreu o ridículo e a morte para cumprir a vontade de seu Pai. Jesus encontrou o auxílio necessário quando apelou para seu Pai, em oração.

Exemplos de oração

Pouco é registrado das palavras específicas com que Jesus orou. Podemos aprender muito simplesmente observando quando, onde e por quê Jesus orou.

1. Quando Jesus orou? Ele orou em horas de grandes provações, tais como o exemplo já citado de suas orações no Getsêmani, poucas horas antes de sua morte. Ele orou momentos antes de grandes decisões. Lucas 6:12-16 conta o dia em que Jesus escolheu os doze homens aos quais seria dada a responsabilidade de levar o evangelho ao mundo. Note o que ele fez antes de selecioná-los; "Retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus" (Lucas 6:12). Ele orou antes de grandes obras. Quando Jesus se preparou para ressuscitar Lázaro dentre os mortos, ele primeiro se dirigiu ao seu Pai, em oração (João 11:41-43). Ele orou quando sua obra terminou (João 17:4).

2. Onde Jesus orou? Embora as orações de Jesus nunca fossem limitadas pelo tempo ou pelo espaço, é claro que ele freqüentemente procurou um lugar e uma hora livre e sem interrupções para falar com seu Pai em oração. Ele freqüentemente subiu a montes, ou saiu para um jardim, e tipicamente escolheu a noite ou o amanhecer, quando haveria menos distração com o mundo apressado. Tais hábitos eram tão típicos da vida de Cristo que Judas sabia exatamente onde encontrá-lo embora só estivesse estado em Jerusalém poucos dias (João 18:1-3).

3. Por que Jesus orou? As circunstâncias das orações de Jesus sugerem motivos imediatos para oração: tentações, provações, tristeza, momentos decisivos, etc. Mas estes são realmente apenas o reflexo de uma razão maior pela qual Jesus orou. Jesus valorizava sua comunhão com o Pai. Como alguém que entendia melhor do que qualquer outro homem jamais entendeu o privilégio de andar com Deus, Jesus queria manter essa íntima relação com seu Pai. Tendo a escolha entre multidões de homens e seu Pai, Jesus freqüentemente escolheu a companhia de Deus. Quando tinha que escolher entre o sono e a oração, Jesus encontrava o profundo rejuvenescimento de que necessitava, não no descanso físico, mas na conversa espiritual com seu Pai.. Estas orações de Jesus nos ensinam algumas lições muito valiosas sobre o privilégio de sermos chamados filhos de Deus.

O que os discípulos aprenderam?

Os apóstolos pediram instruções sobre como orar. Jesus deu-lhes mais do que palavras, quando mostrou um exemplo consistente de fé em suas orações. Teriam eles aprendido? Dois breves episódios na parte inicial do livro de Atos mostram que eles aprenderam a importância da oração.

Depois que Pedro e João foram perseguidos e passaram algum tempo na prisão por causa de sua pregação, eles encontraram outros cristãos e oraram juntos com confiança, pedindo coragem para continuar sua obra (Atos 4:23-31). Sua citação da poderosa mensagem do Salmo 2 mostra que eles entenderam que o poder da oração é encontrado no poder daquele que ouve essas orações: o Deus que se assenta nos céus.

Quando confrontados com as necessidades físicas das viúvas na igreja de Jerusalém, os apóstolos reconheceram a importância desse serviço e guiaram a igreja na seleção de homens adequados para cuidar do assunto. Mas note, no texto, a razão pela qual os próprios apóstolos não desviaram sua atenção: "E, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra" (Atos 6:4). O cuidado das viúvas não era para ser negligenciado, mas os apóstolos cuidadosamente reservaram tempo em suas vidas para a oração. Eles tinham aprendido bem a importante lição do exemplo de Jesus e de seus hábitos de oração.

Oração -  Conforme a definição do Dicionário Aurélio, Oração significa Súplica religiosa, reza, prece, rogo.

Jesus destacou-se como uma pessoa de oração. Nos evangelhos há pelo menos 17 referências ao se hábito de orar.

A maioria delas faz menção do ato de orar, sem falar do conteúdo da oração.

O Evangelho de Lucas concentra-se nesse aspecto da vida terrena de Jesus mais que os outros. Somente ele menciona que Jesus orou no seu batismo (3:21), na experiência da transfiguração ( 9:29), antes de escolher os apóstolos (6:12, 13), na confissão em Cesaréia de Felipe (9:18) e na cruz (23:34).

Além desses momentos mais importantes na vida de Jesus, os evangelhos nos ensinam que houve oração da multiplicação dos Paes, da ressurreição de Lázaro e da instituição da Ceia do Senhor.

A agonia de Jesus em oração no jardim do Getsêmani é bem conhecida. Os quatros evangelhos mencionam orações de Jesus na cruz.

O hábito de oraração de Jesus :

Os evangelhos contem muitas referências ao hábito de Jesus orar de manhã, com freqüência sozinho.

O evangelho de Marcos registra a primeira referência a essa disciplina :

“ Tendo-se levantado  alta madrugada, ( Jesus ) saiu, foi para um lugar deserto e ali orava “ ( Mat. 1:35 ).

Jesus e a paternidade de Deus

A oração de Jesus em Mateus 11 é um bom exemplo de como ele se dirige a Deus como seu Pai. Quase sem exceção, Jesus começava suas orações dessa forma. Para  ele Deus era seu Pai celestial que o amava, guiava e ajudava em sua missão divina de revelação e redenção.

“ Graça te dou, ó Pai Senhor do céu e da Terra “ ( Mt 11:25 ).

Esse versículo mostra  o conceito de Jesus sobre a paternidade de Deus, uma coluna fundamental na sua prática e no ensino da oração. Ao usar a palavra Pai, apesar de isso não ser uma idéia nova na tradição bíblica, Jesus destacou tanto a obediência completa  a Deus como a receptividade total diante do seu amor.

Senhor ensina-nos a orar

Em Lucas 11:1-13 temos o único registro específico de um pedido de ensino dos disciípulos:

“Senhor ensina-nos a orar”  ( v.1). A esse pedido segue-se um parágrafo de ensinos muito proveitoso sobre a oração. Mateus colocou  no Sermão do Monte a Oração Dominical e alguns textos subseqüentes sobre nossa persistência e sobre a receptividade de Deus ( Mat. 6: 9-13, 7:7-11 )

A parábula do amigo que bate á porta á meia noite ilustra o enfático ensino de Jesus sobre a persistência na vida de oração, algo que ele tanto ensinou como praticou.

Jesus e a oração intercessória:

João 17 registra a oração mais longa de Jesus. Ela evidentemente foi feita em algum momento entre a Ceia do Senhor e a experiência no Getsêmani,  na noite anterior a crucificação.

Na eminência da cruz, Jesus revelou em sua oração um relacionamento íntimo com Deus Pai. Ela ilustra na prática algumas lições que Jesus queria que seus discípulos aprendessem.

Oração é um meio de comunhão com o Pai. Ela confirmou o rumo da obra e do ministério de Jesus. A oração conferiu-lhe o senso da hora certa para suas ações.

O ponto central dessa oração de Jesus foi a unidade dos discípulos. Em todo o capitulo vê-se a ênfase na oração intercessória. “ Não peço que os tire do mundo, e sim que os guarde do mal” ( João 17:15 ).

Na verdade, todo esse parágrafo ( V.9-19 ) mostra como Jesus ora por seu discípulos. Orar uns pelos outros é um dos maiores privilégios da vida cristã.

A oração de Jesus lhe proporciona comunhão com o Pai. Ela gerava força para as horas de tensão, discernimento quanto a vontade de Deus, tanto em termos da ação como do momento de agir.

A vida de oração de Jesus também é um guia inigualável para seu discípulos em qualquer lugar, porque mostra sua confiança total no amor, poder e sabedoria de Deus.

Fomos convidados para uma oração intima por nenhum outro, senão o Próprio Senhor. ( Mat.  6 : 6 ). Esse tipo de oração “ secreta “ pressupõe e assegura :

.As motivações corretas ( Mat 6:5 )

.Um correto Relacionamento com  Deus na qualidade de Pai ( Lc 11:11-13 )

.Uma verdadeira confiança no Senhor ( Sal. 55:16, 17 )

.Uma renúncia de hipocrisia ( Mc 7:6, 7 ).

.Oramos para não cairmos em tentação ( Mat. 26:41 )

.Devemos orar em todo tempo ( 55:16, 17;  Dan. 6:10 )

Jer. 33:3 Invoca-me, e te responder-te-ei, anunciarei cousas grandes e ocultas que não sabes.

Deus abençoe a todos.

Pr. Gilmar Abel